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Integral de Lebesgue

Enquanto a integração de Riemann usa uma partição de domínio de função, a ideia genial do Lebesgue foi “considerar partição de contra-domínio”! Essa aparentemente pequena mudança de ponto de vista revolucionou a teoria de integração e análise.

Uma inquietação de Lebesgue era que a fórmula de teorema fundamental de cálculo não valia para funções diferenciáveis cujas derivada não fosse Riemann integrável!

Seja α<f<β uma função com domínio [a,b]. Então considere uma partição α=y0<y1<<yn=β. Então as pre-imagens de [yk1,yk), i.e {x[a,b],f(x)[yk1,yk)} são disjuntos e naturalmente particionam o domínio. Porém, claramente os elementos desta partição não são necessariamente intervalos e ai surge a definição de funções mensuráveis para iniciar o papo de integração de Lebesgue.

Escolha ckf1[yk1,yk), quando este conjunto não é vazio e considere seguinte soma: nk=1f(ck)m(f1[yk1,yk)) Observe que estamos usando a mensurabilidade de Ek:=f1[yk1,yk) para escrever a soma acima. Observe que yk1m(Ek)f(ck)m(Ek)ykm(Ek) e por definição as somas comparadas acima (somas inferior, soma por pontos de amostra, soma superior) estão entre α(ba) e β(ba).

A ideia de Lebesgue foi (vamos fazer as definições mais rigorosas):

Declarar f Lebesgue integrável se o supremo de somas inferiores é igual a ínfimo de somas superiores.

Claramente precisamos definir funções mensuráveis.

Em particular ele concluiu

Seja f:[a,b]R uma função mensurável e limitada. então f é lebesgue integrável.

Demonstração:

  • É fácil ver que adicionando pontos na partição (de contra-domínio) não aumenta a soma supeior e não diminui a soma inferior.
  • Toda soma superior é maior de que qualquer soma inferior. Basta considerar a união de duas partições. Até aqui parecido com propriedades de soma de Riemann. Portanto o supremo de somas inferiores é menor ou igual ao ínfimo de somas superiores.
  • Basta agora tomar uma partição α=y0<y1<<yn=b tal que ynyn1ϵba.
  • α(ba)nk=1yk1m(Ek)nk=1ykm(Ek)β(ba)

Precisamos enfatizar que não precisamos que a função seja limitada para definir integral de Lebesgue. O resultado supracitado é apenas para mostrar o poder da integral de Lebesgue. Por exemplo a função de Dirichlet que não era Riemann integrável, é Lebesgue integrável.

Um resultado importante a ser destacado é:

Toda função limitada em [a,b] é Lebesgue integrável se somente se for mensurável.

Demonstração: Já mostramos que a mensurabilidade implica integrabilidade no caso de uma função limitada. Agora suponhamos f ser integrável. Primeiro observem que existem partições Pn de [a,b] por conjuntos mensuráveis (Pn é mais refinada que Pn1) de tal forma que EPn(sup(f)inf(f))m(En)<1/n.

Considere ϕn:=inff, i.e ϕn|E=inff|E,EPn e defina similarmente ψn=supf em Pn. Observe que ϕn1ϕnψnψn1. Já que se tratam de funções monótonas, conclúimos que limϕn,limψn existem e limϕnflimψn.

Finalmente afirmamos que ϕ=ψ em quase todo ponto. Assim provamos que ambas são iguais a f em quase todo ponto e portanto já que ϕn,ψn são mensuráveis, seu limite também é e portanto f é mensurável (pois coincide q.t.p com uma função mensurável).

Para provar afrimação, seja E={x[a,b],ψ(x)ϕ(x)>0}=m{x[a,b],ψ(x)ϕ(x)>1/m} m{x[a,b],ψn(x)ϕn(x)>1/m} Porém já que ba(ψnϕn)<1/n (integral de Lebesgue) temos

1mm({x[a,b],ψn(x)ϕn(x)>1/m})<1n

e consequentemente m({x[a,b],ψn(x)ϕn(x)>1/m})<mn. Já que para todo n temos a desigualdade acima, concluímos a demonstração.

integrallebesgue.txt · Last modified: 2023/04/17 15:35 by 127.0.0.1