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Demonstração de Teorema do Valor Intermedriário e Weierstrass

(Usamos Demonstração do Livro de S. Shahshahani, Sharif university of Technology)

Teorema: Se f é uma função contínua definida num intervalo fechado  [a,b], então para qualquer número C entre f(a),f(b) existe c[a,b] tal que f(c)=C.

Demonstração: Vamos supor que f(a)>f(b); caso contrário pode ser demonstrado de uma forma similar. Seja C(f(b),f(a)). Observe que se C coincidir com f(a) ou f(b) já terminamos a demonstração.

Considere o conjunto V dos números x no intervalo [a,b] tal que f(x)>C. Observe que o ponto x=a está no V. Considere o supremo deste conjunto (menor limite superior) e denotamos por c. Afirmamos que f(c)=C Vamos provar por contradição:

Se f(c)<C; então pela continuidade de função existe um intervalo “pequeno” na esquerda de c do tipo (cϵ,c) tal que para todo ponto y neste intervalo temos também f(y)<C. Isto contradiz o fato de que c era supremo do conjunto V. Observação: se c é supremo do conjunto V então em particular existe uma sequência de pontos xnV tal que xn<c,xnc e em particular para n grandes, xn(cϵ,c) Se f(c)>C então novamente pela continuidade de função temos um intervalo em torno de c tal que para todo ponto neste intervalo o valor da função é maior do que C ou seja um intervalo em torno de c está contido em V. Assim, concluímos que c não poderia ser o supremo do conjunto V

As duas alternativas acima resultaram absurdo e portanto apenas resta aceitar f(c)=C que prova o teorema do valor intermediário.

Quer outra demonstração sem falar de supremo?

ok, vamos seguir um caminho diferente para mostrar existência de c. Para começar vamos facilitar e considerar f:[0,1]R contínua tal que    f(0)<0<f(1).

e vamos mostrar que existe c[0,1] tal que f(c)=0. O caso geral segue deste caso, como veremos depois da demonstração do caso especial.

Consideramos representação binária de todos os números, i.e, para cada x[0,1] representamos x=0,n1n2n3 onde ni{0,1} são dígitos do x na base 2. Vamos construir  c=0,n1n2 tal que f(c)=0.

Considere f(12); Se f(1/2)=0 então já achamos c=12. Caso contrário, temos duas alternativas:

1. f(12)>0  neste caso definimos n1=0

2. f(12)<0 neste caso definimos n1=1

Observe que no caso (1), vamos buscar o ponto c no intervalo [0,1/2]. Qualquer número neste intervalo tem o primeiro digito depois da vírgula igual a zero. Neste caso, denotamos por I1=[0,12]

No caso (2) vamos buscar pelo ponto c no intervalo [12,1] e qualquer número neste intervalo tem o primeiro dígito igual a 1.  Neste caso I1 será igual ao intervalo [12,1].

Assim esclarecemos a escolha de n1.

Repetimos este processo, sempre dividindo o intervalo em dois intervalos iguais. Ou seja dividimos o intervalo I1 e olhamos para o sinal de f(m1) onde m1 é o ponto médio do intervalo I1. Novamente se f(m1)=0 então já achamos o que queríamos e c=m1 e se não, teremos dois casos:

Se f(m1)>0 então continuamos a busca no intervalinho do lado esquerdo e colocamos n2=0, caso contrário n2=1

Os intervalos I1,I2,I3, obtidos assim são encaixados e o tamanho deles decai para zero geometricamente. |In|=12n+1

Então pelo teorema de intervalos encaixados, temos apenas um ponto na interseção de todos estes intervalos que denotamos por c. Afirmamos que f(c)=0.

Observe que pela escolha dos intervalos In sempre o valor da função no extremo esquerdo do intervalo é negativo e no extremo direito é positivo.

Agora usamos continuidade de f para mostrar que f(c)=0.

Ora, por um lado c=limnen onde en é o ponto extremo esquerdo do intervalo In e portanto f(c)=limnf(en)0 e por outro lado

c=limndn onde dn é o ponto extremo direito do intervalo In e portanto f(c)=limnf(dn)0. Concluímos então que:

f(c)=0.

Agora vamos ver o caso geral: f(a)=A,f(b)=B e D um número entre A,B. Provamos caso em que A<B. Em caso A>B podemos conluir apenas considerando a função f.

Portanto temos A<C<B e buscamos c[a,b] tal que f(c)=C.

Primeiramente reduzimos um valor fixo da função para que num extremo vire positivo e em outro negativo. Depois fazemos uma mudança de variável para reduzir o problema ao intervalo [0,1] como anteriormente. Vamos escrever com detalhes:

Defina uma nova função g:[0,1]R de seguinte forma:

g(t)=f((1t)a+tb)C

onde C satisfaz AC<0<BC.

Observe que quando t percorre intervalo [0,1] então (1t)a+tb percorre o intervalo [a,b]. A função g é uma função contínua, pois é composição de funções contínuas. (Pense!)

Agora: g(0)=f(a)C<0,g(1)=f(b)C>0 e portanto estamos no contexto do caso especial do teorema do valor intermediário e assim teremos t0[0,1] tal que g(t0)=0.

Portanto pela definição da função g concluímos que c=(1t0)a+t0b satisfaz a relação f(c)=C.

Teorema de Weierstrass:

Toda função contínua f:[a,b]R tem máximo e mínimo.

Isto quer dizer que existe pelo menos um ponto c[a,b] (máximo) tal que x[a,b],f(x)f(c). De uma forma similar existe pelo menos um ponto (mínimo) d[a,b] tal que x[a,b],f(x)f(d).

Em particular o teorema acima implica que toda função contínua definida num intervalo [a,b] é limitada (superiormente e inferiormente), i.e existem m,MR tais que para todo x[a,b] temos mf(x)M. Observe que o fato do itervalo ser fechado é importante: a função definida por f(x)=1x é contínua no intervalo (0,1) porém não é limitada neste intervalo!

Demonstração

Novamente vamos considerar f:[0,1]R. Caso geral, como no teorema de valor intermediário, segue de mudança de variável.

Consideramos a representação binária dos números

c=0,c1c2 onde  ci=0,1

Consideramos a decomposição [0,1]=[0,1/2][1/2,1] e afirmamos que pelo menos um dos intervalos (denotamos por J) da decomposição tem seguinte propriedade:

(8-O) Não existe nenhum ponto t0J tal que para qualquer t em Jc (outro intervalo) f(t0)>f(t)

Vamo ver por quê: considere um dos intervalos [0,1/2],[1/2,1]. Se este intervalo não tem propriedade acima, então ele possui um elemento t0 tal que para qualquer t em outro intervalo

f(t0)>f(t)

portanto este outro intervalo satisfaz a prooriedade (8-O). Pense!

Se um dos intervalos tiver propriedade (8-O) denotamos o outro intervalo de I1. Se ambos tiverem a propriedade (8-O) escolhemos um deles e denotamos por I1.  Definimos c1:

c1=0 se I1=[0,1/2]

c1=1 se I1=[1/2,1]

o ponto mais imortante aqui é compreender que vamos buscar o ponto máximo agora dentro do intervalo I1.

Agora, vamos dividir o intervalo I1 em dois sub intervalos (esquerdo e direito) de tamanho 1/4. Repetimos o argumento anterior e teremos um deles satisfazendo (8-O). Denotamos aquele que não satisfaz (8-O) de I2. Se os dois satisfizerem (8-O) denotamos qualquer um deles de I2. e definimos c2:

c2=0 se I2 for o subintervalo esquerdo

c2=1 se I2 for o subintervalo direito

Agora continuamos a busca por ponto máximo dentro do intervalo I2

Continuando assim teremos c=0,c1c2c3 e afirmamos que o ponto c é um máximo da função f.

Observe que pela construção cIn,nN.

(demonstracão da afirmação por absurdo) Suponhamos que não! 

Se c não for máximo da função, então existe d[0,1] tal que f(d)>f(c). Observe que pela construção de c havia algum momento que c e d se separaram (ficaram nos subintervalos diferentes!) Seja n1 o primeiro momento que isto ocorreu. Então pela nossa construção e busca: (*) cIn1  e além disto existe dIn1 tal que

f(d)f(d) e portanto f(d)>f(c)

Agora repetimos com o d o mesmo argumento que fizemos com d. Então existe n2 tal que d e c se separaram! Isto significa d não está no intervalo In2e portanto existe d tal que

f(d)f(d) e portanto até agora obtivemos

f(c)<f(d)f(d)f(d). (:-P)

Repetindo este argumento obteremos n1<n2<n3<nk< e d(k)Ink  tal que d(k)c. Isto é porque o tamanho dos intervalos Ink tende a zero e c está na interseção de todos eles.

Claro que isto tem uma contradicão com a continuidade da função f. Pois, já que d(k)c pela continuidade f(d(k)f(c), enquanto pela escolha dos d(k) (veja :-P) temos f(c)<f(d)f(d(k))  e portanto f(c)<limkf(d(k)). Isto é um absurdo!!

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