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Ainda calcular limites, assíntotas
Uma humilhação dos computadores
Na aula anterior mostramos que limx→01−cos(x)x2=12. Claro que todos adoramos os computadores e calculadoras maravilhosas. Porém veja:
- 1−cos(0,1)0,01∼0,499583472197
- 1−cos(0,01)0,0001∼0,4999995833347
- 1−cos(0,001)0,000001∼0,499999958333
- …
porém na aula (com um computador velinhos) a partir de um certo número de vezes a resposta era zero. Isto provavelmente cos(0,00000⋯1) é quase igual a um e subtraindo de um, resulta zero e assim dividindo por x2=(0,00000⋯)2 dá zero!
Aí, mostramos que a pacência de quem faz cálculo é infinitamente maior do que de um computador e isto vale a pena! E isto não deve ser entendido como desprezo ao poder dos computadores para ajudar no cálculo!
Na aula anterior também mostramos que o seguinte limite não existe:
limx→0sen(1x)
Apesar do que o limite acima não existe, a função f(x)=sen(1x) é limitada, |f(x)|≤1,x∈D(f). Usando este fato podemos concluir seguinte:
limx→0xsen(1x)=0.
Vamos enunciar um resultado que em particular implica a afirmação acima.
Proposição: Sejam f,g:S→R duas funções e a um ponto limite de S. Suponhamos que limx→af(x)=0 e g limitada, i.e, existe M≥0 tal que |g(x)|≤M,x∈S. Então
limx→a(f.g)(x)=0.
Demonstracão: Seja ϵ>0 qualquer. Já que limx→af(x)=0 concluímos que existe δ>0 tal que
se x∈S,0<|x−a|<δ então |f(x)−0|≤ϵM.
Portanto |f(x)g(x)|≤ϵM×M=ϵ.
Reflita um pouco na demonstração da proposição anterior. Observe a importância de número zero na hipótese limx→af(x)=0. De fato se este último limite não fosse zero, não poderiamos concluir a tese da proposição. Dê um exemplo!
Limites Laterais
Tratando problemas concretos de aplicação do cálculo em alguns problemas de física ou engenharia, podemos encontrar funções que não tem limite porém possuem limites laterais!
Suponhamos que f:S→R uma função dada e a∈R . Consideramos dois seguintes conjuntos:
1. S−={x∈S:x<a}
2. S+={x∈S:x>a}
Se a for um ponto limite de S− (respectivamente S+) então podemos definir
limx→a−f(x) ( respectivamente limx→a+f(x) )
Exemplo:
Seja f(x)=[x] onde [x] representa a parte inteira do x, i.e o maior número interio que é menor ou igual a x. Por exemplo [2,1]=2 e [−2,1]=−3.
Vamos caclular limx→0+f(x) e limx→0−f(x).
Observe que quando x<0 está “próximo” a 0 então f(x)=−1. Na verdade se −1≤x<0 então f(x)=−1. Portanto
limx→0−f(x)=−1.
Escrevendo rigorosamente:
Para todo ϵ>0 existe δ>0 tal que se
0<0−x≤δ então |f(x)−(−1)|≤ϵ.
De fato dado qualquer ϵ basta escolher δ=12.
Agora verifiquem que limx→0+f(x)=0.
Limites no infinito:
O que significa limx→+∞f(x)?
Para falar do limite acima, estamos considerando +∞ como um “ponto limite” do domínio da função. De fato basta que exista uma sequência an∈D(f) tal que limn→∞an=+∞
Escrevemos limx→+∞f(x)=L se para qualquer ϵ>0 existe M tal que para qualquer x≥M no domínio da função temos |f(x)−L|≤ϵ.
Exercício: O que significa limx→−∞f(x)=L?
Exercício: Interpreta limx→a+f(x)=−∞.
Exercício: Dê exemplo de uma função que limx→−∞f(x)=+∞ (basta considerar f(x)=−x.)
Assíntotas:
Assíntota vertical: Dizemos que uma função tem assíntota vertical x=a se ocorrer pelo menos uma das seguintes condições:
limx→a+=±∞ (o limite é infinito positivo ou infinito negativo) limx→a−=±∞
Exemplo:
f(x)=x+2x2+2x−3
observe que neste exemplo as raízes de denominadora da regra da função são 1,−3:
limx→1−f(x)=−∞ e
limx→1+f(x)=+∞
verifique os limites laterais em −3
Assíntota horizontal:
Dizemos que uma função tem assíntota horizontal y=a se ocorrer pelo menos uma das seguintes condições:
limx→+∞f(x)=a limx→−∞f(x)=a
Vejam exemplo abaixo: f(x)=sen(x)x. Podemos verificar que limx→∞f(x)=0 (ambos os limites no ±∞ é igual a zero.)
Observe que a função não está definida no ponto x=0 porém já que
limx→0f(x)=1 podemos extender a função no zero (foi isto que geogebra fez quando esbocou o gráfico para mim!)
o exemplo a seguir quase é a mesma função: f(x)=sen(16x)x
Reflita um pouco sobre diferença e semelhança entre essas duas funções!
Será que uma função pode ter duas assíntotas horizontais? Sim! Basta considerar f(x)=arctg(x).
Assíntota oblíqua:
Dizemos que uma função tem assíntota oblíqua y=ax+b,a≠0 se ocorrer pelo menos uma das seguintes condições:
limx→+∞f(x)−(ax+b)=0 limx→−∞f(x)−(ax+b)=0
Observe que se uma função possuir assíntota oblíquo então pelo menos uma das seguintes deve ocorrer:
limx→+∞f(x)=+∞ limx→+∞f(x)=−∞ limx→−∞f(x)=+∞ limx→−∞f(x)=−∞
Em seguida calculamos limx→f(x)x=a e
b=limx→∞f(x)−mx
Exemplo : Considere f(x)=x2+1x e verifique que y=x é uma assíntota olblíqua.
Non-example: verifiquem que a função f(x)=x2 não tem nenhuma assíntora. limx→∞f(x)=∞, porém nenhuma reta pode beijar o gráfico desta função no infinito!
Exercício: Calcule seguintes limites, se existem.
limx→0+(1x−[1x])
limx→0+(1−x[1x])
limx→0+[x]x
O último limite acima esclarece por que as vezes falamos que escrever 00 é indecente! Observe que quando limx→0+[x]=0 e limx→0+x=0. Certo?
Sim, porém a função de numerador não apenas tende ao zero. Ela é igual a zero, para 0<x<1. Portanto para tais valores de x temos [x]x=0 e concluímos que o limite desejado é zero.
Agora tenta analisar limx→0−[x]x.