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Aproximação Linear
Nesta seção vamos discutir a aproximação de funções por funções lineares.
Sejam f,g:S⊂R→R duas funções e x0 um ponto do interior de S. Dizemos que f e g são tangentes no ponto x0 se
- f(x0)=g(x0)
- limx→x0f(x)−g(x)x−x0=0.
A primeira condição quer dizer que os gráficos das funções f,g passam do mesmo ponto (x0,f(x0))=(x0,g(x0)).
A segunda condição distingue a tangência das funções da mera interseção de seus gráficos. Observe que |f(x0)−g(x0)| representa a distância vertical entre os dois gráficos no ponto x0 e assim a segunda condição exige que essa distância dividida por |x−x0| (que também converge à zero) convirja à zero, quando x tende à x0.
Exemplo
Considere duas funções f(x)=x2+|x|,g(x)=|x|. Observe que f(0)=g(0)=0.
Vamos verificar a segunda condição de tangência das duas funções:
limx→0f(x)−g(x)x=limx→0x2x=0.
Portanto essas duas funções são tangentes no ponto x=0.
É importante ressaltar que nenhuma delas é diferenciável no ponto x=0.
Porém se as funções forem diferenciáveis a condição de tangência (condição 2) é a mesma que f′(x0)=g′(x0).
Por efeito, (usando o fato de que f(x0)=g(x0))
limx→x0f(x)−g(x)x−x0=limx→x0f(x)−f(x0)+g(x0)−g(x)x−x0
=limx→x0f(x)−f(x0)x−x0−limx→x0g(x)−g(x0)x−x0=f′(x0)−g′(x0)
e portanto a condição (2) é mesma que f′(x0)=g′(x0).
De fato podemos mostrar que se uma das funções (tangentes entre se) for diferenciável então a outra também deve ser e as derivadas coincidem.
Reta Tangente ao gráfico de uma função
Dado x0, no interior do domínio da função f, se a função for diferenciável no ponto x0 e f′(x0)=m então a reta com equação:
y=f(x0)+m(x−x0)
é a única reta que é tangente ao gráfico da f no ponto (x0,f(x0)) com a definição dada acima sobre tangência de duas curvas (gráfico da f e a reta considerada como gráfico da função g(x)=f(x0)+m(x−x0).
Para verificar, vamos calcular observamos seguintes cálculos:
limx→x0f(x)−g(x)x−x0=f(x)−(f(x0)+m(x−x0))x−x0
=limx→x0f(x)−f(x0)x−x0−m=0.
Chamamos a função afim g de aproximação linear de f no ponto x0. Ou seja a função g é a função “mais próxima” à função f no ponto x0.
Uma outra forma de escrever a aproximação linear é como a seguir:
Denotamos por
E(h):=f(xo+h)−(f(x0)+f′(x0)h)=f(x0+h)−g(x0+h)
o resto da subtração da f da sua aproximação num ponto x0+h, Então pela definição da derivada temos limh→0E(h)h=0.
ou seja temos seguinte relação:
f(x0+h)=f(x0)+hf′(x0)+E(h) tal que R(h)=E(h)h→0 quando h→0.
Proposição (Ter derivada implica continuidade): Se f é diferenciável no ponto a, então é contínua neste ponto.
Demonstração: Suponhamos que f é diferenciável no ponto a. Para demonstrar a continuidade precisamos provar que limh→0f(a+h)=f(a).
Pela formula de aproximação linear temos
f(a+h)=f(a)+hf′(a)+E(h)
e observe que limh→0hf′(a)=limh→0E(h)=0. e portanto limh→0f(a+h)=f(a).
Lembramos que a continuidade não implica diferenciabilidade. O exemplo da função |x| é um bom exemplo. Vamos dar outro exemplo:
Considere a função f(x)=xsen(1x),x≠0,f(0)=0. Já temos provado que essa função é contínua no ponto x=0. Entretanto vamos verificar que não é diferenciável neste ponto:
limx→0f(x)−f(0)x=limx→0xsen(1x)x=limx→0sen(1x)
e o limite acima não existe. Portanto a função não é diferenciável no ponto x=0.
Observe que essa função no ponto zero tem infinitas oscilações, porém é contínua. Entretanto a altura das oscilações fazem com que a função não seja diferenciável.
Quer ver um exemplo mais legal ainda?
Exercício: Considere f(x)=x2sen(1x). Mostre que essa função é diferenciável no ponto x=0 e que f′(0)=0.