User Tools

Site Tools


somasderieman

Differences

This shows you the differences between two versions of the page.

Link to this comparison view

Both sides previous revisionPrevious revision
Next revision
Previous revision
somasderieman [2023/08/27 10:19] 201.55.125.65somasderieman [2023/08/28 10:50] (current) – external edit 127.0.0.1
Line 1: Line 1:
 Nas paginas anteriores consideramos alguns exemplos onde conseguimos verificar limites superiores e inferiores para área abaixo do gráfico de algumas funções (positivas).  Vamos detalhar e generalizar um pouco mais essa abordagem e introduzir a notação de integral. Nas paginas anteriores consideramos alguns exemplos onde conseguimos verificar limites superiores e inferiores para área abaixo do gráfico de algumas funções (positivas).  Vamos detalhar e generalizar um pouco mais essa abordagem e introduzir a notação de integral.
  
-<color #ed1c24>**Evolução dos símbolos**</color>+====== Evolução dos símbolos ======
  
 Dada uma função $ f: [a,b] \rightarrow \mathbb{R} $  (em geral nem precisa ser contínua) vamos seguir a ideia de estimar área abaixo do gráfico por soma das áreas de retângulos. Considere uma partição (um mesh, ou discretização em linguagem comptacional) do intervalo $ [a, b] $  por $ n+1 $  pontos $ x_0=a < x_1 < \cdots < x_n=b $ em cada intervalo $ [x_{i-1}, x_i] $ escolhemos um ponto arbitrário $ x_i^{*} \in [x_{i-1}, x_i] $  e consideramos a seguinte soma de Riemann: Dada uma função $ f: [a,b] \rightarrow \mathbb{R} $  (em geral nem precisa ser contínua) vamos seguir a ideia de estimar área abaixo do gráfico por soma das áreas de retângulos. Considere uma partição (um mesh, ou discretização em linguagem comptacional) do intervalo $ [a, b] $  por $ n+1 $  pontos $ x_0=a < x_1 < \cdots < x_n=b $ em cada intervalo $ [x_{i-1}, x_i] $ escolhemos um ponto arbitrário $ x_i^{*} \in [x_{i-1}, x_i] $  e consideramos a seguinte soma de Riemann:
Line 27: Line 27:
 Agora vamos falar sério! Vamos ver porque tanto gostamos das funções contínuas: Agora vamos falar sério! Vamos ver porque tanto gostamos das funções contínuas:
  
-Teorema: Seja $ f: [a,b] \rightarrow \mathbb{R} $ contínua, então existe um único número $ I $ tal que para qualquer $ \epsilon > 0 $ existe $ \delta > 0 $ tal que para qualquer partição com mesh menor do que $ \delta $ para qualquer escolha de $ x_i^*$ temos+**Teorema:** Seja $ f: [a,b] \rightarrow \mathbb{R} $ contínua, então existe um único número $ I $ tal que para qualquer $ \epsilon > 0 $ existe $ \delta > 0 $ tal que para qualquer partição com mesh menor do que $ \delta $ para qualquer escolha de $ x_i^*$ temos
  
 $ |\sum_{i=1}^{n} (x_i -x_{i-1}) f(x_i^*) - I| \leq \epsilon $ $ |\sum_{i=1}^{n} (x_i -x_{i-1}) f(x_i^*) - I| \leq \epsilon $
Line 33: Line 33:
 e este número $ I $ é denotado por $ \int_{a}^{b} f$ e este número $ I $ é denotado por $ \int_{a}^{b} f$
  
-Exemplo 0: Considere a função constante $ f$ tal que $f(x)=c $ no intervalo $ [a,b]. $ Vamos mostrar que $ \int_{a}^{b} f = c(b-a). $+**Exemplo 0:** Considere a função constante $ f$ tal que $f(x)=c $ no intervalo $ [a,b]. $ Vamos mostrar que $ \int_{a}^{b} f = c(b-a). $
  
 Considerando qualquer partição, a soma de Riemann vai ser o mesmo valor! Por efeito, Considerando qualquer partição, a soma de Riemann vai ser o mesmo valor! Por efeito,
Line 43: Line 43:
 Como mencionamos acima, se $ f$ for uma função contínua, então a integral desta função num intervalo $ [a,b]$ é bem definida e é um número real. Porém, para ter integral, nõa precisamos de continuidade. Ou seja, as vezes temos sorte e as somas de Riemann convergem a um valor fixo que será chamado de integral da função. Porém nem toda função tem integral. Como mencionamos acima, se $ f$ for uma função contínua, então a integral desta função num intervalo $ [a,b]$ é bem definida e é um número real. Porém, para ter integral, nõa precisamos de continuidade. Ou seja, as vezes temos sorte e as somas de Riemann convergem a um valor fixo que será chamado de integral da função. Porém nem toda função tem integral.
  
-Exemplo: (Uma Função contínua por pedaços)+**Exemplo:** (Uma Função contínua por pedaços)
  
 Uma função $ f: [a,b] \rightarrow \mathbb{R} $ é contínua por pedaços, se existir Uma função $ f: [a,b] \rightarrow \mathbb{R} $ é contínua por pedaços, se existir
Line 65: Line 65:
 $ \sum_{i=1}^{m} (x_i - x_{i-1}) f(x_i^*) +  (x_{m+1} - x_{m}) f(x_m^*) + \sum_{i=m+1}^{n} (x_i - x_{i-1}) f(x_i^*)$ $ \sum_{i=1}^{m} (x_i - x_{i-1}) f(x_i^*) +  (x_{m+1} - x_{m}) f(x_m^*) + \sum_{i=m+1}^{n} (x_i - x_{i-1}) f(x_i^*)$
  
-$latex =  (x_{m+1} - x_{m}) f(x_m^*) + (2-x_{m+1}) $+$=  (x_{m+1} - x_{m}) f(x_m^*) + (2-x_{m+1}) $
  
 Quando o diametro da partição converge a zero, a soma de Riemann acima converge a 1. Por efeito, $ x_{m+1}- x_m \rightarrow 0, 0 \leq f(x_m) \leq 1 $ e $ x_{m+1} \rightarrow 1. $ Quando o diametro da partição converge a zero, a soma de Riemann acima converge a 1. Por efeito, $ x_{m+1}- x_m \rightarrow 0, 0 \leq f(x_m) \leq 1 $ e $ x_{m+1} \rightarrow 1. $
  
-Observação: Pode se mostrar que toda função contínua por pedaço tem integral definida.+**Observação:** Pode se mostrar que toda função contínua por pedaço tem integral definida.
  
-***+<color #ed1c24>Exercício:</color> Mostre que a função $ f: [0,1] \rightarrow \mathbb{R} $ definida por
  
-****+$ f(x)=0, x \in \mathbb{Q}, f(x)=1, x \notin \mathbb{Q} $  não tem integral!
  
-*******+Ok, mesmo quando a função é contínua, para calcular integral dela num intervalo não é prático sempre calcular um limite de todas as possíveis somas de Riemann! O Teorema fundamental de Cálculo será nosso aliado. 
  
-Exercício: Mostre que a função $ f: [0,1] \rightarrow \mathbb{R} $ definida por 
  
-$ f(x)=0, x \in \mathbb{Q}, f(x)=1, x \notin \mathbb{Q} $  não tem integral!+<WRAP center round tip 60%> 
 +===== Teorema fundamental de cálculo =====
  
-Ok, mesmo quando a função é contínua, para calcular integral dela num intervalo não é prático sempre calcular um limite de todas as possíveis somas de Riemann! O Teorema fundamental de Cálculo será nosso aliado. +</WRAP>
  
-<color #ed1c24>**Teorema Fundamental de Cálculo** (versão 1.0):</color> 
  
 Seja $ f : I \rightarrow \mathbb{R} $ ($ I  $ é um intervalo.) uma função contínua. Fixamos um ponto $ a \in I$ e definimos Seja $ f : I \rightarrow \mathbb{R} $ ($ I  $ é um intervalo.) uma função contínua. Fixamos um ponto $ a \in I$ e definimos
Line 91: Line 90:
 Então $ F $ é diferenciável e $ F^{'}=f. $  (veja página notação diferencial) Então $ F $ é diferenciável e $ F^{'}=f. $  (veja página notação diferencial)
  
-<color #ed1c24>Corolário Fundamental:</color>  Seja $ f : I \rightarrow \mathbb{R} $ ($ I  $ é um intervalo.) uma função contínua. Suponhamos $ \phi $ é uma primitiva para $ f $, i.e $ \phi^{'}=f $, então+**Corolário Fundamental:**  Seja $ f : I \rightarrow \mathbb{R} $ ($ I  $ é um intervalo.) uma função contínua. Suponhamos $ \phi $ é uma primitiva para $ f $, i.e $ \phi^{'}=f $, então
  
 $ \int_{a}^{b} f = \phi(b) - \phi(a). $ $ \int_{a}^{b} f = \phi(b) - \phi(a). $
Line 102: Line 101:
  
 $ \int_{a}^{b} f(x) = \phi(b)-\phi(a). $ $ \int_{a}^{b} f(x) = \phi(b)-\phi(a). $
-<color #ed1c24> + 
-Comentário:</color> Considerando $ f $ como corolário acima, existem infinitas primitivas para ela. Seja $ \psi = \phi + K $ onde $ K $ é um número constante, então, $ \psi^{'} = \phi^{'} = f. $ Entretanto observamos que dadas duas primitivas como $ \phi_1, \phi_2 $ então necessáriamente elas se diferem numa função constante. Por efeito, $ \phi_1^{'} - \phi_2^{'} = 0 $ e agora lembramos de cálculo 1 que se uma função tem derivada zero, então ela é constante.+<color #ed1c24>Comentário:</color> Considerando $ f $ como corolário acima, existem infinitas primitivas para ela. Seja $ \psi = \phi + K $ onde $ K $ é um número constante, então, $ \psi^{'} = \phi^{'} = f. $ Entretanto observamos que dadas duas primitivas como $ \phi_1, \phi_2 $ então necessáriamente elas se diferem numa função constante. Por efeito, $ \phi_1^{'} - \phi_2^{'} = 0 $ e agora lembramos de cálculo 1 que se uma função tem derivada zero, então ela é constante.
  
 O comentário acima pode ser aplicada de seguinte forma: No corolário fundamental, o valor $\int_{a}^{b} f $ não depende da escolha da primitiva, pois simplesmente para outra primitiva $ \psi = \phi + K $ temos O comentário acima pode ser aplicada de seguinte forma: No corolário fundamental, o valor $\int_{a}^{b} f $ não depende da escolha da primitiva, pois simplesmente para outra primitiva $ \psi = \phi + K $ temos
  
 $\psi(b) - \psi(a) = \phi(b)+K - (\phi(a) + K) = \phi(b) - \phi(a)$ $\psi(b) - \psi(a) = \phi(b)+K - (\phi(a) + K) = \phi(b) - \phi(a)$
- 
-*********** 
  
 Existe uma versão mais forte do corolário acima (sem assumir a continuidade da função dentro de integral) que é chamado de teorema fundamental de cálculo (versão 2.0): Existe uma versão mais forte do corolário acima (sem assumir a continuidade da função dentro de integral) que é chamado de teorema fundamental de cálculo (versão 2.0):
  
-Seja $ I$ um intervlo e $ F: I \rightarrow \mathbb{R}$ uma função diferenciável cuja derivada $latex F^{'}$ é integrável no intervalo $ [a, b] \subset I. $ Então:+Seja $ I$ um intervalo e $ F: I \rightarrow \mathbb{R}$ uma função diferenciável cuja derivada $ F^{'}$ é integrável no intervalo $ [a, b] \subset I. $ Então:
  
 $  \int_{a}^{b} F^{'} = F(b)-F(a).$ $  \int_{a}^{b} F^{'} = F(b)-F(a).$
Line 129: Line 126:
 Geralmente usamos a notação $ \int f $ sem determinar valores $ a, b.$ para denotar todas as primitivas da função $ f $. Geralmente usamos a notação $ \int f $ sem determinar valores $ a, b.$ para denotar todas as primitivas da função $ f $.
  
-Exemplos:+**Exemplos:**
  
 $ \int x^n = \frac{1}{n+1} x^{n+1} + K, n \neq -1 $ e $ \int \frac{1}{x} = ln(x) + K. $ $ \int x^n = \frac{1}{n+1} x^{n+1} + K, n \neq -1 $ e $ \int \frac{1}{x} = ln(x) + K. $
Line 147: Line 144:
 $ \int sec^2(x) = \int 1+tg^2(x) = tg(x) + K$ $ \int sec^2(x) = \int 1+tg^2(x) = tg(x) + K$
  
-...+(nas próximas páginas aprendemos alguns métodos para achar primitivas)
  
-********* (nas próximas páginas aprendemos alguns métodos para achar primitivas)+{{:kc.jpeg?400|}}
  
-Propriedades básicas de integral:+<WRAP center round tip 60%> 
 +===== Propriedades básicas de integral =====
  
-Teorema valor médio para integral: Seja $ f $ uma função contínua definida em $ [a,b], $ então existe $ c \in [a,b] $ tal que+</WRAP> 
 + 
 +**Teorema valor médio para integral:** Seja $ f $ uma função contínua definida em $ [a,b], $ então existe $ c \in [a,b] $ tal que
  
 $ \int_{a}^{b} f(t )dt = f(c) (b-a).$ $ \int_{a}^{b} f(t )dt = f(c) (b-a).$
Line 173: Line 173:
 Seja $ f$ uma função contínua e positiva definida no intervlao $ [a,b], $ então existe $ c \in [a,b] $ tal que a área abaixo do gráfico coincide com área do retângulo de altura $ f(c) $ e base $ [a,b]. $ Seja $ f$ uma função contínua e positiva definida no intervlao $ [a,b], $ então existe $ c \in [a,b] $ tal que a área abaixo do gráfico coincide com área do retângulo de altura $ f(c) $ e base $ [a,b]. $
  
-Definição: Quando $ a>b $ definimos $ \int_{a}^{b} f(t)dt = - \int_{b}^{a} f(t)dt $ e definimos $ \int_{a}^{a} f(t) dt=0. $+{{:somas_de_rieman-medio.png?400|}} 
 + 
 +**Definição:** Quando $ a>b $ definimos $ \int_{a}^{b} f(t)dt = - \int_{b}^{a} f(t)dt $ e definimos $ \int_{a}^{a} f(t) dt=0. $
  
 Assim para quaisquer $ a, b, c \in \mathbb{R} $ temos Assim para quaisquer $ a, b, c \in \mathbb{R} $ temos
Line 183: Line 185:
 $ \int_{a}^{b} (c_1 f_1(t) + c_2 f_2(t)) dt = c_1 \int_{a}^{b} f_1(t) + c_c \int_{a}^{b} f_2(t)dt.  $ $ \int_{a}^{b} (c_1 f_1(t) + c_2 f_2(t)) dt = c_1 \int_{a}^{b} f_1(t) + c_c \int_{a}^{b} f_2(t)dt.  $
  
-Para demonstrar essa propriedade usamos aproximação da integral por somas de Riemann.+<color #22b14c>//Para demonstrar essa propriedade usamos aproximação da integral por somas de Riemann.//</color>
  
  
somasderieman.1693142362.txt.gz · Last modified: 2023/08/27 10:19 by 201.55.125.65