Depois de definirmos série de Fourier de uma função ∑n∈Zcneinx ou a02+∑∞n=1ancos(nx)bnsen(nx) vamos analisar quando a série converge.
Teorema: Seja f:R→R uma função seccionalmente diferenciável (i.e seccionalmente contínua e sua derivada seccionalmente contínua) e de período 2π então a02+∞∑n=1ancos(nx)bnsen(nx)=12(f(x+)+f(x−)) onde f(x+)=limt→x+f(t) e f(x−)=limt→x−f(t)
Na verdade pela demonstração podemos obter outros resultados de convergência também:
Se f for Holder contínua em x então (sem assumir diferenciabilidade) temos que a02+∞∑n=1ancos(nx)bnsen(nx)=f(x).
Para demonstrar precisamos conhecer núcleo de Fourier: Dn(x)=1π(12+∑nk=1cos(kx)). Usando um pouco de trgigonometria ou números complexos temos Dn(x)=12πsen((n+12)x)sen(x2) claro que a fórmula é para x≠∼2kπ e podemos definir Dn(0)=(n+12)π.
Algumas propriedades de Dn
- Dn é uma funçao par.
- ∫π−πDn(x)dx=1.
- Dn é periódica de periódo 2π.
Agora precisamos massagear um pouco a série de Fourier e usar o núcleo de Fourier: De fato (apenas usando definição de sn e trigonometria básica) sn(x)=∫π−π1π[12+n∑k=1cos(k(x−y))]f(y)dy
Observe que pela definição de Dn podemos re escrever: sn(x)=Dn∗f(x)=∫π−πDn(x−y)f(y)dy.
Agora vamos rumo a demonstração do teorema:
Proposição (Riemann-Lebesgue) Seja f:[a,b]→ Riemann integrável (vale para mais geral em L1) então limt→∞∫baf(x)sen(tx)dx=0limt→∞∫baf(x)cos(tx)dx=0
Observem que estamos afirmando um pouco mais do que os coeficientes de Fourier convergem a zero.
Vamos apresentar um resultado que de fato implica o teorema:
Teste de Dini: Seja f:R→R uma função periódica em [−π,π]. Suponhamos que f(x+),f(x−) existem e que exista η>0 tal que para g(x,t):=[f(x+t)−f(x+)]+[f(x−t)−f(x−)] se ∫η0g(x,t)tdt<∞ Então sn(x)→f(x+)+f(x−)2.
Em seguida usando Riemann-Lebesgue demonstramos Teste de Dini e terminaremos a demonstração do teorema de convergência de Dirichlet-Fourier.
sn(x)=∫π−πDn(x−y)f(y)dy=∫π+x−π+xDn(t)f(x−t)dt=∫π−πDn(t)f(x−t)dt
Usando o fato de Dn uma função par, temos ∫π−πDn(t)f(x−t)dt=∫π0Dn(t)[f(x+t)+f(x−t)]dt
Agora vamos estimar en(x), o erro de aproximção sn(x)−f(x+)+f(x−)2: en(x)=∫π0Dn(t)g(x,t)dt.
Podemos decompor a integral acima em 2 integrais:
en(x)=∫δ0tDn(t)g(x,t)tdt+∫πδsen((n+1/2)t)g(x,t)sen(t/2)dt
Vamos majorar cada uma das integrais: Temos que |tDn(t)|≤t2πsen(t/2)≤12 (poderiamos qualquer limitação superior para essa função em [0,π].) Portanto a primeira integral é menor do que 12∫δ0|g(x,t)t|dt e pela hipotese sobre g(x,t)t podemos escolher δ pequeno o suficiente para que a primeira integral seja menor do que ϵ2.
Agora vamos estimar a segunda integral, i.e ∫πδsen((n+1/2)t)g(x,t)sen(t/2)dt. Bast aobservar que a função g é integrável e já que sen(t/2) no intervalo [δ,π] não anula então g(x,t)sen(t/2) é integrável e podemos aplicar Riemann-Lebesgue para essa função que por sua vez significa para n grande o suficiente temos que a segunda integral é menor do que ϵ/2.
Quando teste de Dini aplica!
Claro que nas hipoteses de teorema de convergência de Dirichlet-Fourier vamos satisfazer as hipoteses do teste de Dini.
Porém basta que f seja α−Holder em x e ai |g(x,t)|≤.|f(x+t)−f(x)|+|f(x−t)−f(x)|≤2Ktα e portanto ∫δ0|g(x,t)t|dt≤2K∫δ0tα−1<∞.