interweie
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| interweie [2022/05/04 11:55] – tahzibi | interweie [Unknown date] (current) – removed - external edit (Unknown date) 127.0.0.1 | ||
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| - | ====== Demonstração de Teorema do Valor Intermedriário e Weierstrass ====== | ||
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| - | Teorema: Se $ f $ é uma função contínua definida num intervalo fechado $ [a,b] $, então para qualquer número $ C $ entre $ f(a), f(b) $ existe $ c \in [a, b] $ tal que $ f(c)=C. | ||
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| - | Demonstração | ||
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| - | Vamos supor que $ f(a) > f(b) $; caso contrário pode ser demonstrado de uma forma similar. Seja $ C \in (f(b), f(a)) $. Observe que se $ C $ coincidir com $ f(a) $ ou $ f(b) $ já terminamos a demonstração. | ||
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| - | Considere o conjunto $ V $ dos números $ x $ no intervalo $ [a,b] $ tal que $ f(x) > C $. Observe que o ponto $ x=a $ está no $ V $. Considere o supremo deste conjunto (menor limite superior) e denotamos por $ c $. Afirmamos que $ f(c) = C $ Vamos provar por contradição: | ||
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| - | Se $ f(c) < C $; então pela continuidade de função existe um intervalo " | ||
| - | Se $ f(c) > C $ então novamente pela continuidade de função temos um intervalo em torno de $ c $ tal que para todo ponto neste intervalo o valor da função é maior do que $ C $ ou seja um intervalo em torno de $ c $ está contido em $ V $. Assim, concluímos que $ c $ não poderia ser o supremo do conjunto $ V $ | ||
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| - | As duas alternativas acima resultaram absurdo e portanto apenas resta aceitar $ f(c)=C | ||
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| - | Quer outra demonstração sem falar de supremo? | ||
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| - | ok, vamos seguir um caminho diferente para mostrar existência de $ c $. Para começar vamos facilitar e considerar $ f: [0,1] \rightarrow \mathbb{R} | ||
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| - | e vamos mostrar que existe $ c \in [0,1] $ tal que $ f(c)=0. | ||
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| - | Consideramos representação binária de todos os números, i.e, para cada $ x \in [0,1] $ representamos $ x =0, n_1n_2n_3\cdots | ||
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| - | Considere $ f(\frac{1}{2}) | ||
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| - | 1. $ f(\frac{1}{2}) > 0 $ neste caso definimos $ n_1= 0 $ | ||
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| - | 2. $ f(\frac{1}{2}) < 0 $ neste caso definimos $ n_1 = 1 $ | ||
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| - | Observe que no caso (1), vamos buscar o ponto $ c $ no intervalo $ [0, 1/2] $. Qualquer número neste intervalo tem o primeiro digito depois da vírgula igual a zero. Neste caso, denotamos por $ I_1 = [0, \frac{1}{2}] | ||
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| - | No caso (2) vamos buscar pelo ponto $ c $ no intervalo $ [\frac{1}{2}, | ||
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| - | Assim esclarecemos a escolha de $ n_1. $ | ||
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| - | Repetimos este processo, sempre dividindo o intervalo em dois intervalos iguais. Ou seja dividimos o intervalo $ I_1 $ e olhamos para o sinal de $ f(m_1) | ||
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| - | Se $ f(m_1) > 0 $ então continuamos a busca no intervalinho do lado esquerdo e colocamos $ n_2=0 $, caso contrário $ n_2= 1 $ | ||
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| - | Os intervalos $ I_1, I_2, I_3, \cdots | ||
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| - | Então pelo teorema de intervalos encaixados, temos apenas um ponto na interseção de todos estes intervalos que denotamos por $ c. $ Afirmamos que $ f(c)=0. | ||
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| - | Observe que pela escolha dos intervalos $ I_n $ sempre o valor da função no extremo esquerdo do intervalo é negativo e no extremo direito é positivo. | ||
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| - | Agora usamos continuidade de $ f $ para mostrar que $ f(c)=0 | ||
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| - | Ora, por um lado $ c = \lim_{n \rightarrow \infty} e_n $ onde $ e_n $ é o ponto extremo esquerdo do intervalo $ I_n $ e portanto $ f(c) = \lim_{n\rightarrow \infty} f(e_n) \leq 0 $ e por outro lado | ||
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| - | $ c = \lim_{n \rightarrow \infty} d_n $ onde $ d_n $ é o ponto extremo direito do intervalo $ I_n $ e portanto $ f(c) = \lim_{n\rightarrow \infty} f(d_n) \geq 0 $. Concluímos então que: | ||
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| - | $ f(c)=0. $ | ||
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| - | Agora vamos ver o caso geral: $ f(a)= A, f(b)=B | ||
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| - | Portanto temos $ A< | ||
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| - | Primeiramente reduzimos um valor fixo da função para que num extremo vire positivo e em outro negativo. Depois fazemos uma mudança de variável para reduzir o problema ao intervalo $ [0,1] $ como anteriormente. Vamos escrever com detalhes: | ||
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| - | Defina uma nova função $ g: [0,1] \rightarrow \mathbb{R} | ||
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| - | $ g(t) = f((1-t)a + t b) - C $ | ||
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| - | onde $ C $ satisfaz $ A-C< 0 < B -C $. | ||
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| - | Observe que quando $ t $ percorre intervalo $ [0,1] $ então $ (1-t)a + tb $ percorre o intervalo $ [a, b]. $ A função $ g $ é uma função contínua, pois é composição de funções contínuas. (Pense!) | ||
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| - | Agora: $ g(0)= f(a) - C < 0, g(1) = f(b)-C >0 $ e portanto estamos no contexto do caso especial do teorema do valor intermediário e assim teremos $ t_0 \in [0,1] $ tal que $ g(t_0)=0. | ||
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| - | Portanto pela definição da função $ g $ concluímos que $ c = (1-t_0)a + t_0b $ satisfaz a relação $ f(c) = C. $ | ||
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| - | <WRAP round tip 60%> | ||
| - | Um exemplo legal | ||
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| - | Considere a equação $$x^5-2x^3 + 8x^2 -8=0.$$ | ||
| - | Como achar raízes desta equação? Difícil, né? O teorema de valor intermediário tem um corolário potente: | ||
| - | <WRAP center round tip 60%> | ||
| - | Todo polinômio de grau ímpar tem pelo menos uma raiz real! | ||
| - | </ | ||
| - | A demonstração é simples: Considere $P(x) = a_0 + a_1 x + \cdots + a_n x^{n}$ onde $n$ é ímpar. Vamos supor que $a_n < 0$, então $\lim_{n \rightarrow \infty} P(x) = - \infty$ | ||
| - | |||
| - | No exemplo do polinômio acima, o grau é 5 e portanto com certeza temos uma raiz. Entretanto dá para analisar mais detalhadamente: | ||
| - | * Verifiquem que $P(-2) > 0 > P(-3)$ e portanto existe uma raiz entre $-3, -2$. | ||
| - | * Verifiquem que $P(-1) > 0 > P(0)$ e portanto temos uma outra raiz entre $-1, 0$. | ||
| - | * $P(1) < 0 < P(2)$ e portanto temos mais uma raiz entre $1$ e $2.$ | ||
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| - | ===== Teorema de Weierstrass: | ||
| - | Toda função contínua $ f: [a,b] \rightarrow \mathbb{R} | ||
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| - | Isto quer dizer que existe pelo menos um ponto $ c \in [a,b] $ (máximo) tal que $ \forall x \in [a,b], f(x) \leq f(c). $ De uma forma similar existe pelo menos um ponto (mínimo) $ d \in [a,b] $ tal que $ \forall x \in [a,b], f(x) \geq f(d). $ | ||
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| - | Em particular o teorema acima implica que toda função contínua definida num intervalo $ [a,b] $ é limitada (superiormente e inferiormente), | ||
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| - | Demonstração | ||
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| - | Novamente vamos considerar $ f: [0,1] \rightarrow \mathbb{R} | ||
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| - | Consideramos a representação binária dos números | ||
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| - | $ c=0, | ||
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| - | Consideramos a decomposição $ [0,1] = [0, 1/2] \cup [1/2, 1] $ e afirmamos que pelo menos um dos intervalos (denotamos por $J$) da decomposição tem seguinte propriedade: | ||
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| - | (8-O) Não existe nenhum ponto $ t_0 \in J $ tal que para qualquer $ t $ em $J^{c}$ (outro intervalo) $ f(t_0) > f(t) $ | ||
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| - | Vamo ver por quê: considere um dos intervalos $ [0, 1/2], [1/2, 1] $. Se este intervalo não tem propriedade acima, então ele possui um elemento $ t_0 $ tal que para qualquer $ t $ em outro intervalo | ||
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| - | $ f(t_0) > f(t) $ | ||
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| - | portanto este outro intervalo satisfaz a prooriedade (8-O). Pense! | ||
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| - | Se um dos intervalos tiver propriedade (8-O) denotamos o outro intervalo de $ I_1 $. Se ambos tiverem a propriedade (8-O) escolhemos um deles e denotamos por $ I_1 $. Definimos $ c_1 $: | ||
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| - | $ c_1=0 $ se $ I_1=[0, | ||
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| - | $ c_1 = 1 $ se $ I_1 = [1/2,1] $ | ||
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| - | <color # | ||
| - | </ | ||
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| - | {{ : | ||
| - | Agora, vamos dividir o intervalo $ I_1 $ em dois sub intervalos (esquerdo e direito) de tamanho $ 1/4 $. Repetimos o argumento anterior e teremos um deles satisfazendo (8-O). Denotamos aquele que não satisfaz (8-O) de $ I_2 $. Se os dois satisfizerem (8-O) denotamos qualquer um deles de $ I_2. $ e definimos $ c_2: $ | ||
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| - | $ c_2=0 $ se $ I_2 $ for o subintervalo esquerdo | ||
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| - | $ c_2 = 1 $ se $ I_2 $ for o subintervalo direito | ||
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| - | Agora continuamos a busca por ponto máximo dentro do intervalo $ I_2 $ | ||
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| - | Continuando assim teremos $ c=0, | ||
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| - | Observe que pela construção $c \in I_n, \forall n \in \mathbb{N}.$ | ||
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| - | (demonstracão da afirmação por absurdo) Suponhamos que não! | ||
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| - | Se $ c $ não for máximo da função, então existe $ d \in [0,1] $ tal que $ f(d) > f(c).$ Observe que pela construção de $ c $ havia algum momento que $ c $ e $ d $ se separaram (ficaram nos subintervalos diferentes!) Seja $ n_1 $ o primeiro momento que isto ocorreu. Então pela nossa construção e busca: (*) $ c \in I_{n_1} | ||
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| - | $ f(d) \leq f(d^{' | ||
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| - | Agora repetimos com o $ d^{' | ||
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| - | $ f(d^{' | ||
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| - | $ f(c) < f(d) \leq f(d^{' | ||
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| - | Repetindo este argumento obteremos $ n_1 < n_2 < n_3 \cdots < n_k < \cdots | ||
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| - | Claro que isto tem uma contradicão com a continuidade da função $ f $. Pois, já que $ d^{(k)} \rightarrow c $ pela continuidade $ f(d^{(k}) \rightarrow f(c) $, enquanto pela escolha dos $ d^{(k)} | ||
interweie.1651676137.txt.gz · Last modified: 2022/05/04 11:55 by tahzibi