Antes de estudar esta pagina, você tem que estudar bem limites de sequências. Uma sequência numérica an pode ser considerada como uma função a:N→R onde a(n)=an. Domínio desta função é N.
Quando falamos que limn→∞an=a∗ significa que o valor da função a, fica cada vez mais próximo ao número a∗ na medida que escolhemos n no domínio da função, maior e maior.
Agora vamos estudar a noção de limite para outras funções com domínios diferentes. A noção de limite foi o resultado de esforços de aproximadamente 2 séculos para poder definir a noção de derivada que serve para definir precisamente a taxa de variação de uma quantidade contínua.
Intervalo furado: com um intervalo furado de raio δ em torno de a, referimos um conjunto como a seguir:
{x:a−δ1<x<a}={x:x−δ<x<a}∪{x:a<x<a+δ}
Consideramos um sub-conjunto S⊂R. Dizemos que um ponto a∈R é um ponto limite do conjunto S, se para todo número δ>0 o intervalo furado de raio δ em torno de a contem pelo menos um ponto de S.
observação: Não precisamos que o ponto a esteja dentro do conjunto S na definição acima.
Pela definição podemos concluir que se a é um ponto de acumulação do conjunto S, então em qualquer intervalo furado em torno de a, existem infinitos pontos do conjunto S.
De fato podemos provar: Se a é um ponto de acumulação de S, então existe uma sequência an,an∈S tal que limn→∞an=a. Reciproca também vale: Se existe uma sequência dos pontos de S cujo limite é igual a a então a é um ponto de acumulação de S.
Exemplo1:
Seja S=(1,2]. Então podemos ver que todo o intervalo [1,2] são os pontos de acumulação de S.
Exemplo2:
Considere S={1n:n=1,2,3,⋯}. Então a=0 é o único ponto de acumulação de S.
Dica: O ponto a=0 é um ponto de acumulação, pois qualquer intervalo furado em torno dele de raio δ contem algum ponto de S. Basta escolher 1n<δ. Nenhum dos elementos 1/n pode ser ponto de acumulação, pois o intervalo furado de raio 1/n−1/(n+1) não contem nenhum elemento do S.
Se a for um ponto entre elementos do S, por exemplo 1/(n+1)<a<1/n basta escolhermos intervalo furado em torno de a e raio min{1n−a,a−1n+1}. Este intervalo furado não contém nenhum ponto de S.
Verifiquem outros casos, para convencer que o conjunto S tem apenas um ponto de acumulação.
Seja S um subconjunto de números reais e a um ponto de acumulação de S e f:S→R uma função. Dizemos que o limite da função quando x tende ao a é igual a L e escrevemos
limx→af(x)=L
se para todo ϵ>0 existe δ>0 que se x∈S e 0<|x−a|<δ então |f(x)−L|<ϵ.
compare a definição acima com a estabilidade de computação dos valores de funções. Apenas precisamos ressaltar que nesta definição não estamos exigindo que a∈S. O ponto a pode não estar no domínio da função.
Semelhança e diferença entre limite e continuidade:
quando definimos a continuidade de uma função num ponto x=a, o ponto deve pertencer ao domínio da função, enquanto para calcular limite da função no ponto a basta que o ponto pertença aos pontos de acumulação do domínio da função.
Vamos agora definir a continuidade de uma função em termos de limite.
Proposição: Seja S⊂R e a∈S que também é um ponto de acumulação de S. Então a função f:S→R é contínua no ponto x=a se somente se limx→af(x)=f(a).
A proposição acima decorre das definições de limite e continuidade.
Proposição
Usando proposição acima, podemos concluir seguinte proposição, usando um resultado similar no caso das sequências.
Propriedades Básicas
Seja S⊂R e a um ponto de acumulação de S e f,g:S→R duas funções tais que
limx→af(x)=L e limx→ag(x)=K
então:
1. limite de f+g quando x tende ao ponto a existe e é igual a L+K.
2. limx→afg(x)=KL
3. Se K≠0 e a é um ponto de acumulação do conjunto {x∈S:g(x)≠0}, então limx→af/g(x)=L/K